Por Gabi Garcez do Innaugusta


* A rua nasceu como parte essencial das cidades modernas. Muitos são os filósofos e intelectuais que, como amantes da vida urbana, refletiram sobre as ruas. Baudelaire é um dos mais representativos. O flaneur parisiense apaixonou-se pela multidão que então começava a conviver nas ruas da Paris do século XVIII, e transmitiu sob a forma de poesia, os novos sentimentos que nasciam com a industrialização. Sendo assim, porque haveríamos nós vítimas modernas (ou pós-modernas) de ignorá-la ou tratá-la com pouca importância? Nada pode ser mais representativo para a modernidade e para a moda que a rua.

São as ruas que separam as quadras, as casas e por fim as pessoas. Essa mesma linha que cruza as calçadas dividindo os pedaços de terra por debaixo das construções é o item essencial para a circulação das pessoas e união entre os diferentes locais de uma cidade. Foi na rua que as diferentes classes sociais tiveram seu primeiro contato com o outro. Sem elas a moda poderia ter percorrido outra trajetória, e talvez nem mesmo obtido a mesma característica mutável pela qual a reconhecemos. É na rua que a roupa é exibida. Foi na Carnaby Street dos anos 60q ue a moda jovem britânica começou o processo de “desilitização” da moda.

Sendo a rua um ambiente público e lugar comum a todas as classes e gêneros, quando passamos por ela nos obrigamos a encarar o estranho e a conviver com ele, mesmo que para isso seja necessário entrarmos no seu jogo de aparências. Pois estando no exterior de nossos lares em meio a muitos desconhecidos, a primeira comunicação que estabelecemos é dialogando por meio das roupas, a camada mais externa de nosso self. É na rua que a moda se prolifera, modificando aos poucos enquanto nos igualamos e procuramos uma diferenciação com o outro. Circulando na cidade, o desfile é nosso, somos os manequins que escolheram sua própria vestimenta.

* Devaneios de Gabi Garcez do http://www.innaugustastyle.blogspot.com/.

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